Estou de volta para a minha "menina" que não me pára de surpreender. Por isso aqui vai mais um bocadito da minha querida tese.
O desenho é uma manifestação eminentemente subjectiva, pois constitui expressão de noções individuais ou de impressões externas, interpretadas por um indivíduo.
No desenho livre a criança faz o que quer, desenha o que lhe apetece, ao contrário do desenho dirigido, onde o tema é proposto. O desenho livre como expressão de personalidade é mais do que livre, libérrimo, e não tem, nem pode ter, limite de assunto, nem embaraços. Tem, portanto, um grande valor não só psicológico, como também pedagógico, podendo orientar admiravelmente o professor no conhecimento dos seus alunos.
No desenho livre a criança faz o que quer, desenha o que lhe apetece, ao contrário do desenho dirigido, onde o tema é proposto. O desenho livre como expressão de personalidade é mais do que livre, libérrimo, e não tem, nem pode ter, limite de assunto, nem embaraços. Tem, portanto, um grande valor não só psicológico, como também pedagógico, podendo orientar admiravelmente o professor no conhecimento dos seus alunos.
"As criações do desenho livre ou dirigido têm base inegável de realidade, mas o seu influxo é anterior à concepção, envolvendo criação, como o desenho à vista, reprodução. O desenho livre atrai o íntimo, em último extremo a imaginação, base de toda a arte (Magalhães, 1960,p.387). "
A tendência natural para o desenho pode, no entanto, sem perder o seu valor criador, corresponder a sugestões exteriores. Isto ocorre frequentemente com as solicitações da vida e muito mais no ambiente escolar, pois este desenho de tema sugerido pode atrair a imaginação correspondente a uma concepção pessoal de alguma coisa não vista realmente. Na ilustração de um conto, por exemplo, mesmo recorrendo a uma temática sugerida pelo adulto, a ilustração do aluno pode ser concebida e criada de uma forma livre recorrendo ao modo como “filmou” a história na sua memória. Este é um aspecto muito pessoal, diríamos mesmo que inacessível ao adulto.
(...) o desenho livre é igualmente um desenho de imaginação, pelo que estas denominações se devem tomar como esclarecedoras e de valor prático, pois não existe razão para separar estes dois tipos de desenho. Rodolfo Abreu (1960) defendia que a temática do desenho infantil foi, ou melhor, ainda era então tratada como sendo de pouco interesse. Muitos eram os estudos que justificavam a sua importância; contudo, muitos continuavam relutantes face a um exercício que não era mais que um catalisador do desenvolvimento da criança em diversos aspectos.
O estudo do desenho infantil não é uma ideia recente. Teve início após a Revolução Francesa, ou seja, está intimamente relacionado com os princípios da liberdade, pugnando para que a instrução fosse para todos os cidadãos, para que assim pudessem cumprir os seus deveres cívicos. Por seu lado, a descoberta da criança como um ser distinto do adulto não era de data distante; desde então, novas técnicas foram introduzidas na educação. A criança passou a ser tomada como um aspirante, que carece de auxílio e compreensão.
Já muito anteriormente, alguns pedagogos reflectiram sobre a criança. Rousseau, por exemplo, deixou duas ideias originais: não existe inicialmente maldade no carácter humano, e o ensino deve certificar que as faculdades naturais da criança se desenvolvem livremente. Pestallozi, por sua vez, advogou a educação pelo real e tal como Rousseau, reprovou a educação livresca e defendeu a natureza como objecto das suas lições.
Contudo, só no início do século XX o estudo da criança começou efectivamente a ser feito à luz da psicologia. Este estudo conduziu a uma concepção diferente da criança que até então era considerada como
“um adulto em ponto pequeno, um homenzinho que era preciso criar, com todos os requintes de educação autoritária, a que alguns pais ´bem falantes´ costumam chamar ´fina educação´. Favorecia-se assim uma preparação defeituosa, contrária aos fenómenos biológicos e fisiológicos, que caracterizam a vida infantil” (Abreu, 1960, p.4).
Foram estas novas reflexões sobre educação que levaram à descoberta da originalidade dos desenhos das crianças. Muitos foram os pedagogos e artistas que, especialmente, no decorrer do século XX, se evidenciaram na observação das manifestações estéticas da infância. Nestes estudos, nomeadamente os que Luquet realizou, pode ser observado que as crianças, quando entregues a si próprias, revelam energias físicas, mentais e estéticas. Exprimem uma dinâmica intrínseca que antes era ignorada pela imposição de uma disciplina amarfanhante, em detrimento do seu desenvolvimento integral.
Ao reflectir por momentos, podemos inferir que após o instinto da alimentação, a primeira necessidade que a criança manifesta é a do movimento. Quando a mão começa a agarrar alguns objectos, surge a necessidade de aperfeiçoar o movimento, ou seja, o instinto plástico. O desenho evolui com a criança, sendo um instrumento indispensável para o seu desenvolvimento integral. As vantagens que advêm do desenho são consideráveis. Entre elas podemos considerar o desenvolvimento da psicomotricidade, com especial destaque para a psicomotricidade fina, bem como o desenvolvimento de competências que posteriormente serão úteis para a aprendizagem da leitura e da escrita.
A expressão artística da criança deve ser considerada como um registo da sua personalidade, pelo que, ao favorecer este tipo de experiências, podemos auxiliar o seu desenvolvimento.
Beatriz Pais (1930) defendia que a criança ao desenhar estabelece uma estreita relação entre o psíquico e o mental, ou seja, a intenção de desenhar determinado objecto não é mais que o prolongamento e a manifestação da sua representação mental. O objecto figurado é o que nesse momento ocupava no espírito do desenhador um lugar exclusivo ou predominante.
A tendência natural para o desenho pode, no entanto, sem perder o seu valor criador, corresponder a sugestões exteriores. Isto ocorre frequentemente com as solicitações da vida e muito mais no ambiente escolar, pois este desenho de tema sugerido pode atrair a imaginação correspondente a uma concepção pessoal de alguma coisa não vista realmente. Na ilustração de um conto, por exemplo, mesmo recorrendo a uma temática sugerida pelo adulto, a ilustração do aluno pode ser concebida e criada de uma forma livre recorrendo ao modo como “filmou” a história na sua memória. Este é um aspecto muito pessoal, diríamos mesmo que inacessível ao adulto.
(...) o desenho livre é igualmente um desenho de imaginação, pelo que estas denominações se devem tomar como esclarecedoras e de valor prático, pois não existe razão para separar estes dois tipos de desenho. Rodolfo Abreu (1960) defendia que a temática do desenho infantil foi, ou melhor, ainda era então tratada como sendo de pouco interesse. Muitos eram os estudos que justificavam a sua importância; contudo, muitos continuavam relutantes face a um exercício que não era mais que um catalisador do desenvolvimento da criança em diversos aspectos.
O estudo do desenho infantil não é uma ideia recente. Teve início após a Revolução Francesa, ou seja, está intimamente relacionado com os princípios da liberdade, pugnando para que a instrução fosse para todos os cidadãos, para que assim pudessem cumprir os seus deveres cívicos. Por seu lado, a descoberta da criança como um ser distinto do adulto não era de data distante; desde então, novas técnicas foram introduzidas na educação. A criança passou a ser tomada como um aspirante, que carece de auxílio e compreensão.
Já muito anteriormente, alguns pedagogos reflectiram sobre a criança. Rousseau, por exemplo, deixou duas ideias originais: não existe inicialmente maldade no carácter humano, e o ensino deve certificar que as faculdades naturais da criança se desenvolvem livremente. Pestallozi, por sua vez, advogou a educação pelo real e tal como Rousseau, reprovou a educação livresca e defendeu a natureza como objecto das suas lições.
Contudo, só no início do século XX o estudo da criança começou efectivamente a ser feito à luz da psicologia. Este estudo conduziu a uma concepção diferente da criança que até então era considerada como
“um adulto em ponto pequeno, um homenzinho que era preciso criar, com todos os requintes de educação autoritária, a que alguns pais ´bem falantes´ costumam chamar ´fina educação´. Favorecia-se assim uma preparação defeituosa, contrária aos fenómenos biológicos e fisiológicos, que caracterizam a vida infantil” (Abreu, 1960, p.4).
Foram estas novas reflexões sobre educação que levaram à descoberta da originalidade dos desenhos das crianças. Muitos foram os pedagogos e artistas que, especialmente, no decorrer do século XX, se evidenciaram na observação das manifestações estéticas da infância. Nestes estudos, nomeadamente os que Luquet realizou, pode ser observado que as crianças, quando entregues a si próprias, revelam energias físicas, mentais e estéticas. Exprimem uma dinâmica intrínseca que antes era ignorada pela imposição de uma disciplina amarfanhante, em detrimento do seu desenvolvimento integral.
Ao reflectir por momentos, podemos inferir que após o instinto da alimentação, a primeira necessidade que a criança manifesta é a do movimento. Quando a mão começa a agarrar alguns objectos, surge a necessidade de aperfeiçoar o movimento, ou seja, o instinto plástico. O desenho evolui com a criança, sendo um instrumento indispensável para o seu desenvolvimento integral. As vantagens que advêm do desenho são consideráveis. Entre elas podemos considerar o desenvolvimento da psicomotricidade, com especial destaque para a psicomotricidade fina, bem como o desenvolvimento de competências que posteriormente serão úteis para a aprendizagem da leitura e da escrita.
A expressão artística da criança deve ser considerada como um registo da sua personalidade, pelo que, ao favorecer este tipo de experiências, podemos auxiliar o seu desenvolvimento.
Beatriz Pais (1930) defendia que a criança ao desenhar estabelece uma estreita relação entre o psíquico e o mental, ou seja, a intenção de desenhar determinado objecto não é mais que o prolongamento e a manifestação da sua representação mental. O objecto figurado é o que nesse momento ocupava no espírito do desenhador um lugar exclusivo ou predominante.
Cristina
Oi Cristina procurando na internet um curso sobre a leitura do desenho dirigido acabei por encontrar seu blog (inclusive deveras interessante). Gostaria de te perguntar se sabe de algum curso em São Paulo sobre esse tema. Tenho um curso de pós graduação em Terapia Familiar (www.cefatef.com.br) e gostaria de incluir o móduto : Introdução a leitura do desenho dirigido. Só que não encontro professores por aqui.(se for daqui e tiver interessada.. rss)!
ResponderEliminarObrigada e Parabéns pelo seu Blog
Cléo Melo