Vou tentar ficar uns dias pelo Planalto. Aparece.
Beijos Grande
Violeta
Soft sheets
What’s this about?
Inside your mahogany cyprus
As long as we’re me and you
We should not lose terrain
Wild and young, we got seasick
On your seven
Get off cheap
That sits with herAnd the warmth of it splatters
We all can wring her neck
First we gain new terrain
When we’re young, we get seasick
On your seven
We’re upset, real tush
Ooh, why I sneeze like no-one
Like most, you snip soft sheets
What’s this about?
Inside your mahogany cyprus
As long as we’re me and you
We should not lose terrain
Wild and young, we got seasick
On your seven soft sheets
Mew
“New Terrain”
Pensei em ti Violeta, pensei em tudo o que temos vivido. Pensei na Aurora. Onde anda a Aurora? Pensei em ti Vi. Queria-te por perto. Degrau a degrau, gelada… até ao patíbulo.
Cristina
Não queria acreditar. Não. Não. Não. Não podia ser. Não. Ali não. Hoje não. As imagens da rua, daquela deprimente realidade passavam por mim, pela minha total impotência, como uma acelerada vertigem. Os movimentos do meu corpo: mecânicos. “-Não penses. Não penses. Não penses. Shhhh. Não. Não. Não penses. Não penses.” Teria parado o tempo. Teria voltado para trás, mas não consegui. A dada altura tentei pensar numa cor, em algo que me faz feliz. Tinha acabado de mergulhar num mar de imagens e cores que me repugnam e não conseguia respirar. Debati-me por uma cor, por um pensamento são, pois só assim conseguiria respirar. Consegui. Era pouco o oxigénio, mas o suficiente para não morrer ali mesmo. Agora que olho para trás julgo que não terá sido oxigénio a deixar-me respirar, mas sim a indomável vontade de partir numa jornada doce que não foi planeada para ter retorno. Uma jornada que nasceu do acaso e passa pelo sentimento mais celeste que existe. Mas ali não. Não. Não.
Cristina
Querido Alex
Passei hoje pelo Quartier Latin e, claro, lembrei-me de ti. Imaginei-te por perto, a passear pelo frio que se fez sentir e a viver a magia daquela cidade. A Cristina também veio comigo, mas como sempre anda mergulhada nas convicções dela que apenas incertezas lhe trazem. Deixa Alex, um dia ela acorda…já não falta muito para a Primavera. Acredita em mim.
Violeta
Por: Cristina Henriques
Por aqui impera há dias a imagem das raparigas cinzeiro. (“-Cenicero…”) Cinzeiro, simultâneos depósitos de dor (É pá! Alguém cala esse fulano?...) e prazer. Como podem ter prazer na dor que as queimaduras lhes provocam. (“-Cenicero…”) Como suportam o rasgar (Outra vez?) dos músculos do peito? Como podem gritar de agrado? Como pode alguém transportar um peito… um coração… um cinzeiro? (“-mi corazón de cenicero”) Às vezes (Calem-no!!!) tenho a resposta, confesso. Silvano, um amigo meu, perguntou-me se andava a desenhar, neguei. Menti-lhe. Desenhei, mas a paleta utilizada era atroz, por isso menti. Negros, roxos, castanhos, cores rosadas de carne viva pronta a ser queimada… pareciam saídos do mundo de Francis Bacon… Silvano acabou por me enviar uma peça clássica para me colorir um pouco, mas eu ando às voltas com a metáfora do cinzeiro … e isso não é bom. Penso. Quantas vezes vimos a nossa carne (“-Cenicero…”) queimada? (Voltou outra vez…) Os nossos músculos trespassados? Quantas vezes já gritámos de dor? Quantas (“-Cenicero…”) vezes nos deitamos (Vou desistir, ele que fale, que cante…“-mi corazón de cenicero”) em camas frescas e limpas e as transformamos em lençóis de sangue? Há tantas maneiras de ser cinzeiro (“-Cenicero, cenicero, mi corazón de cenicero…” )…tantas. (Deixa… ele que diga… que é um coração cinzeiro) Mais doloroso será pois um coração queimado uma quantidade de vezes, sem uma cicatriz sequer… a pele, os músculos rasgados sem uma única cesura… os lençóis brancos e frescos ainda que depois de uma bárbara tortura… Porque me deixo queimar? O que me atrai nestes episódios sinistros e violentos que depois de vividos estão em perfeita harmonia com o fascinante e o belo? Penso… “Cenicero, cenicero, mi corazón de cenicero…”
Aurora