Não queria acreditar. Não. Não. Não. Não podia ser. Não. Ali não. Hoje não. As imagens da rua, daquela deprimente realidade passavam por mim, pela minha total impotência, como uma acelerada vertigem. Os movimentos do meu corpo: mecânicos. “-Não penses. Não penses. Não penses. Shhhh. Não. Não. Não penses. Não penses.” Teria parado o tempo. Teria voltado para trás, mas não consegui. A dada altura tentei pensar numa cor, em algo que me faz feliz. Tinha acabado de mergulhar num mar de imagens e cores que me repugnam e não conseguia respirar. Debati-me por uma cor, por um pensamento são, pois só assim conseguiria respirar. Consegui. Era pouco o oxigénio, mas o suficiente para não morrer ali mesmo. Agora que olho para trás julgo que não terá sido oxigénio a deixar-me respirar, mas sim a indomável vontade de partir numa jornada doce que não foi planeada para ter retorno. Uma jornada que nasceu do acaso e passa pelo sentimento mais celeste que existe. Mas ali não. Não. Não.
Cristina
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