terça-feira, 29 de setembro de 2009

Secretaria Judicial

Estou finalmente a ficar uma mulherzinha. Acabei de vir da Secretaria Judicial da Comarca do meu Concelho… Um episodio lindíssimo e digno, para que possamos perceber que até uma ida a um sitio destes pode ser “delicioso”… Vamos?


Secretaria ju-di-ci-al. Deve ser aqui. É pá!!!! Bem… eu espero que nunca, jamais, JAMAIS digam que a minha casa está desarrumada. Uau… que visão… aqui findam os meus sentimentos de culpa por ser desorganizada. Disse. A repartição é grande, muito cumprida, o balcão… revestido de uma fria pedra negra, mas não consigo descortinar de que tipo… dentro do balcão já não existe mais a típica senhora roliça de meia idade que vestia sempre a blusa de seda… nop… um simpático cavalheiro… que prima pela informalidade sem nunca deixar de ser formal… Espera. Estarei mesmo neste país? Não me lembro de ter viajado… por isso, deduzo que ainda aqui estou. Ah! O espaço. Um delicioso caos visual. Não sei como se consegue trabalhar nestes sítios, não faço a menor ideia de como o fazem, mas estou certa que devem ter qualquer preparação académica nesse sentido. Uma disciplina na faculdade que se deverá chamar: métodos e técnicas de produção no caos. Delicioso caos. Se esta secretaria fosse um quadro seria de Jackson Pollock. Tela no chão, um furo no fundo da lata e… tinta a viajar pelo tecido. Linhas…Emaranhados de cordões… lombadas assimétricas (muitas delas bem tortas) … linhas labirínticas… as portas dos armários abertas… manchas de tinta… Muito bom… e as garrafas de água pelas secretárias dos funcionários… pingos de tinta…delicioso. O funcionário entrega-me a certidão que lhe pedi…simpático. Acabaram os meus minutos por ali… dez deliciosos minutos na Secretaria Judicial.


Cristina

J.Pollock

domingo, 27 de setembro de 2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sentir, mas não explicar...

por: Cristina Henriques

domingo, 20 de setembro de 2009

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, canta, chora, dança, ri e vive intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
Anonymous


Red Room

Cildo Meireles

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Feliz Aniversário!!!

foto: Cristina Henriques

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Poesia

foto: Cristina Henriques


Amo-te como um planeta de rotação difuso
E quero parar como o servo colado ao chão.
Frágil cerâmica de poros soprados no teu hálito
Vasilha que ergues em tua mão de oleiro
Cálice que não pudeste afastar de ti.

Daniel Faria, poesia

Carta a Nicholas Murray

Ainda as tuas excelentes sugestões musicais de há alguns dias … Se bem me lembro referis-te que vinham com o propósito de eu não me esquecer de ti… Difícil é mesmo não me lembrar, mas isso já o era… Quanto ao que mandas-te… como te disse, fui ao tapete. Acho que logo no terceiro round fui ao chão, ainda me tentei levantar, mas vences-te o combate por KO. Indiscutivelmente. Não conhecia “Aurora”, confesso que para mim as sugestões dos A Silent Film me souberam a mimo. Muito bom. Conhecer Fever Ray revelou-se também agradável. Já tinha ouvido "Daniel", de Bat For Lashes em qualquer lado, mas não a conhecia. Acabei por pesquisar um pouco sobre ela e descobri que também tem uma queda para as artes visuais...Não te imaginava a ouvir este tipo de sonoridade, serás uma caixa de Pandora? Obrigada. Amei Heart of Hearts, dos !!!. Quanto a Infinifold… Ainda hoje fui ao Baleal e no habitual passeio pela praia acabei por ouvir este tema… é de um poder estonteante e acaba por ter em mim um efeito difícil de entender… um misto de sensações que não se descreve. Afinal a música é isso mesmo, uma arte que está para alem das palavras, não se explica sente-se. Nas artes visuais esse efeito é mais difícil de conseguir (senão impossível).
Na altura, como resposta pensei em Michael Nyman, mas… a musica de Nyman tem um registo para mim muito particular. Se te tivesse respondido com Nyman, hoje não te estava a escrever… foi melhor ter optado por Elizabeth Fraser…

Um beijo grande

Aurora

Frida Kahlo fotografada em Nova Iorque por Nicholas Murray

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A Teresa, o apartamento e os Tindersticks


Posso sentar-me aqui? Aqui, neste canto desta caixa postal? Quero ficar aqui. Escondida. (Aqui não me vão encontrar de certeza. Aqui nem eu me vou encontrar.) Não digas nada. Nem precisas de olhar para mim. Deixa. Se eu gritar não ligues, se soluçar de choro não olhes. Não te preocupes. Tudo passa. Que raio de dia. Eu sei que já te devia ter escrito. Eu sei exactamente o que tenho para te dizer. Digo depois. Musica. Põe qualquer coisa, mas alto. Põe Blur. song 2.Isso. Mas alto. Muito alto. Não quero ouvir o meu pensamento. Estou farta das das minhas ideias. A luz. Apaga. Comecei o dia com uma palmada na “Miss” Popcorn, devias ter visto a birra. Logo a seguir a “Miss” Mermaid perdeu os óculos. Porque perdem as pessoas os óculos? Eu também perco os óculos, mas eu sou eu, sou um despiste sempre pronto a acontecer. Mas isso agora não interessa nada, eu só não quero ouvir as minhas ideias… estão por todo o lado. Abafa-as. Estão espalhadas pela casa toda, na sala, na cozinha, até na lavandaria tenho ideias. A música? O que quiseres. Qualquer coisa. Escolhe. Não sei. Espera! Creep, dos Radiohead. Já tenho saudades. Andávamos a estudar e ouvíamos. Que bom. Lembro-me da Teresa que sofria de um síndrome anti apartamento. Nunca tinha vivido numa coisa daquelas, então resolvia arrumar o quarto, e muitas vezes a disposição dos móveis, às 4 ou 5 da manhã. Enquanto isso, ouvia Radiohead ou Tindersticks. A Teresa era uma querida. Tenho saudades dela. Tenho saudades de todos. Tenho saudades dos cheiros daquela altura. Muito bom. Saudades bonitas. Melhor. Já me sinto melhor, obrigada. É verdade, já ouviste o álbum do Thom Yorke? O Eraser? Está giro. Analyse é um tema que acho particularmente interessante. Deixa ouvir só um pouco, porque tenho de ir. Já estão à minha procura. Estão sempre à minha espera, eu é que penso que não. Ainda tenho de ir buscar a Popcorn e a Mermaid. Preciso daquele mimo que elas têm sempre para me dar. Sim. Podes acender a luz sim. Obrigada pelo abrigo.


Fica bem

Cristina

foto: Cristina Henriques

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Cocteau twins no Planalto das Cesaredas

Quando ouço Bleubeard na voz de Elizabeth Fraser, acontece-me sempre a mesma coisa. Sempre. Saio. De repente, já não estou aqui. Estou lá fora. Calcei as botas, vesti o meu corta-vento e estou no Planalto. Adoro o Planalto. Tento descobrir onde escondeu a natureza os trilhos que me levavam até à minha avó. Estamos no crepúsculo do Verão, mas o leve vento na cara lembra-nos que o Outono em breve nos vai envolver com as suas formas e cores tão peculiares. Quando ouço Bleubeard dos Cocteau Twins, acontece-me sempre a mesma coisa. Sou feliz.
Cristina


foto: Cristina Henriques

nós estamos a mexer com os limites...

Ouve comigo …

Maybe I've forgotten the name and the address of everyone I've ever known It's nothing I regret. Save it for another day, It's the school exam and the kids have run away. I would like a place I could call my own, Have a conversation on the telephone, Wake up every day that would be a start, I would not complain of my wounded heart, I was upset you see, Almost all the time, You used to be a stranger, Now you are mine. I wouldn't even trust you. I've not got much to give. We're dealing in the limits. And we don't know who with. You may think that I'm out of hand. That I'm naive, I'll understand. On this occasion, it's not true, look at me, I'm not you. I would like a place I could call my own, Have a conversation on the telephone, Wake up every day that would be a start, I would not complain of my wounded heart. I was a short fuse, burning all the time, You were a complete stranger, Now you are mine. I would like a place I could call my own, Have a conversation on the telephone, Wake up every day that would be a start, I would not complain about my wounded heart. Just wait till tomorrow,I guess that's what they all say, Just before they fall apart…*

Há coisas que teimam em ser intemporais.

Cristina


foto: Cristina Henriques

*Regret, New Order

Voar

Setembro de 2009

De repente já não estou aqui. Senti que me levas-te. (meu amor). Estou a bordo de uma aeronave, rumo a uma distante cidade algures num outro continente. Estou dentro de ti, alguém que me ama. Sei que não devia estar. Sei que estou a mais. Tenho de voltar para casa. É urgente. Não consigo. É esta minha vontade (ou será a tua?). A tua vontade leva-me. (meu amor). Por momentos estou mesmo contigo, levas-me no pensamento. Levas tanto de mim que quase me arrancas a carne dos ossos. (meu amor). Voltei a chorar com saudades tuas. Eu não te devia amar assim. Amar assim é errado. Este amor é errado. José Luís Peixoto repete 240 vezes “quero morrer”, eu repito “amo-te”. Sinto que estás dentro de mim. Sinto que te entranhas-te na minha pele, na minha carne… (meu amor). Amo-te mil vezes. Sempre. O avião. Dez mil metros de altitude. Lá fora a temperatura é aterrorizadora, mas aqui estou viva e afortunada. (meu amor). Não estou aqui.

Violeta

Singularidades da Papoa

foto: Cristina Henriques

Bíblias de Neons

Ponto um – O paradoxo

Sempre o mesmo. As faces depressivas são sempre delicadas. Conheço-as tão bem. Sinto-as vir ainda ao longe. Sei que são sempre dolorosas, mas não as posso evitar. Instalam-se e o resto é “mais do mesmo”. Não há nada mais estúpido e paradoxal que isto. Sou feliz, mas… deprimida. Não me dói nada, apenas a alma. Uma dor tão absurda que quase mata. Eu sei que é apenas uma substancia que falta no meu delicado “rapaz cinzento”. Uma espécie de defeito de fabrico do meu cérebro, mas a verdade é que muitas vezes me incomoda. Preferia não entender nada disto, porque o pior é ter a percepção de tudo e de não conseguir controlar. O passo seguinte é sempre o da auto-medicação.

Ponto dois – A Terapêutica

Duas horas. Duas horas numa suite de hotel. Sozinha. Shhhhhhhhhhhhhhhhhhhh... Sozinha sim. Precisava de uma desintoxicação. Imperativamente. Shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh…. Eu sei. Eu sei que sou perigosa sozinha. Eu sei disso, mas por vezes tenho mesmo de ficar. Preciso prender-me a mim mesma e enfrentar-me. O que nem sempre resulta, mas se não olhar para dentro não me posso ajudar. Shhhhhhhh… é sempre o mesmo. Trouxe ajuda: Som, Palavras e o Sol também por cá apareceu. Já não era capaz de ouvir, nem de ler nada do que me andava a rodear. Era urgente o isolamento, o sair do círculo e o respirar. Às vezes a melancolia vai embora assim.

Ponto três – No cars go

2006, Arcade Fire. Eu sei que já passaram três anos, mas há coisas que são mesmo intemporais. Precisava de ouvir, de chorar (pensava que já nem sabia chorar), de sentir, de me sentir. As coisas são mesmo assim. Há sítios onde os carros não vão mesmo. Não vão! Tenho de ser eu. O espelho negro e o seu terrível reflexo, não permito que me iniba. Não posso permitir. Definitivamente. Há um biquíni no fundo da mala e lá fora está uma pipoca e uma sereia à minha espera.





Ponto quatro – “Deixa o carro a trabalhar…”

(imagem: Neon Bible,c Arcade Fire)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Teoria das cores

Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.
O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam-se na observação dos factos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor - sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quando assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.

Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.




Os Passos em Volta


Herberto Hélder


Yellow Moonbird

Joan Miró

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Eu volto... eu volto sempre.

Praia da Gamboa-Peniche
foto: Cristina Henriques

Ultimamente tem sido uma loucura viver a minha vida. Sei que anseias pelo meu regresso.. Em breve, meu amor. Prometo. Em breve .

Violeta