terça-feira, 15 de setembro de 2009

Voar

Setembro de 2009

De repente já não estou aqui. Senti que me levas-te. (meu amor). Estou a bordo de uma aeronave, rumo a uma distante cidade algures num outro continente. Estou dentro de ti, alguém que me ama. Sei que não devia estar. Sei que estou a mais. Tenho de voltar para casa. É urgente. Não consigo. É esta minha vontade (ou será a tua?). A tua vontade leva-me. (meu amor). Por momentos estou mesmo contigo, levas-me no pensamento. Levas tanto de mim que quase me arrancas a carne dos ossos. (meu amor). Voltei a chorar com saudades tuas. Eu não te devia amar assim. Amar assim é errado. Este amor é errado. José Luís Peixoto repete 240 vezes “quero morrer”, eu repito “amo-te”. Sinto que estás dentro de mim. Sinto que te entranhas-te na minha pele, na minha carne… (meu amor). Amo-te mil vezes. Sempre. O avião. Dez mil metros de altitude. Lá fora a temperatura é aterrorizadora, mas aqui estou viva e afortunada. (meu amor). Não estou aqui.

Violeta

Singularidades da Papoa

foto: Cristina Henriques

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