Reparei que afinal não é um rio que separa as nossas margens, é um oceano. Atlântico. Um poderoso Atlântico. De um lado uma extraordinária cidade. Um magnífico hotel. Um quarto. Um sereno fim de tarde após uma bela sessão de compras na quinta avenida. Do outro lado, a “cauda” da Europa. Um abandonado planalto. Uma humilde aldeia situada no coração de um maciço calcário com cerca de 140 milhões de anos. Milhares de quilómetros separam este modesto lugar e a sofisticada metrópole que se auto denomina como a capital do planeta. Não falo apenas da uma distância geográfica… de todo. Quando penso em todo este cenário, vejo opostos. Num dos pólos estás tu no país das “liberdades”, a viver um 4 de Julho ao vivo, algo que te remete para a história dos homens que tu tão bem conheces e gostas. No outro pólo, eu, rodeada pelo silêncio e frio do maciço. Tudo isto não passaria de uma banalidade se não fosse o facto de tu viveres numa cela… Podes estar em qualquer lado, na cidade mais desejada ou no meio da savana africana, em nada isso altera o teu estado e a tua condição de prisioneiro. Prisioneiro de ti mesmo. Estás enclausurado. Aqui, no planalto, não há ninguém. Há minha volta não há nada, apenas… a liberdade.
Aurora
foto: Cristina Henriques
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